A morte de Ruth Iaponira da Silva Maia, de apenas 17 anos, abalou Itabaiana, na Paraíba, e trouxe à tona um tema delicado: a violência obstétrica no Brasil. Moradora do Acampamento Arcanjo Belarmino, do MST, a jovem passou por uma verdadeira via-crúcis em busca de atendimento.
Ruth iniciou o trabalho de parto com uma semana de antecedência, mas foi recusada em três maternidades. Segundo o marido, Pedro da Silva Jordão, em todas as unidades diziam que a dilatação de um centímetro não justificava internação.
Dias de dor e portas fechadas
Sem alternativa, a jovem permaneceu em casa, com dores cada vez mais fortes. Só na sexta-feira (21), já com seis centímetros de dilatação, conseguiu ser atendida no hospital de Pedras de Fogo.

Mesmo com o quadro avançado, os médicos optaram por manter o parto normal, descartando a cesárea. A decisão acabou desencadeando uma série de complicações graves.
Sem sucesso na primeira tentativa, Ruth foi transferida para o hospital de Itabaiana, onde foi submetida a exercícios físicos e procedimentos invasivos, como o uso de fórceps e bomba de vácuo.
Procedimentos agressivos e complicações fatais
Durante o parto, Ruth sofreu uma hemorragia intensa, provocada pela dilaceração do períneo e complicações no útero. Ela foi levada às pressas para o bloco cirúrgico, mas sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
O caso gerou grande comoção, com familiares e entidades questionando as condutas médicas adotadas durante o parto.

Investigação em andamento e busca por respostas
A Secretaria de Saúde da Paraíba confirmou que o uso do fórceps é respaldado em certos casos, mas abriu investigação para apurar as circunstâncias da morte.
Até o momento, o Comitê Estadual de Mortalidade Materna segue apurando o caso, enquanto a família clama por justiça e explicações concretas.