Aos 68 anos, a cantora Roberta Miranda revelou um dos segredos mais dolorosos de sua trajetória pessoal e profissional. Em entrevista ao podcast Ser Artista, apresentado por Marcus Montenegro, a sertaneja compartilhou a promessa feita à mãe: jamais assumir sua sexualidade. Durante cinco décadas, carregou em silêncio essa imposição, que moldou suas escolhas e a impediu de viver livremente sua afetividade.
Embora sempre tivesse consciência de seus sentimentos, Roberta afirmou que temeu o peso da rejeição familiar. Esse pacto de silêncio representou não apenas um acordo com a mãe, mas também uma prisão emocional que se refletiu em sua vida íntima. O medo de magoar quem amava acabou por definir os caminhos que seguiu.
O episódio mais marcante de sua juventude foi o relacionamento com uma mulher, vivido com intensidade, mas encerrado pela impossibilidade de torná-lo público. “Acabei perdendo a pessoa que amava porque não poderia levá-la à frente. Eu estava presa a uma promessa e a uma dor que não eram minhas, mas da minha mãe”, recordou a artista.
O peso da rejeição e o silêncio de 50 anos
A revelação mais dolorosa veio acompanhada de lembranças da infância. Roberta contou que ouviu a mãe, em oração, pedir a Deus que a levasse, pois preferia vê-la morta a vê-la ao lado de outra mulher. Essa lembrança, guardada por meio século, tornou-se uma das feridas mais profundas em sua vida.
“Minha mãe rezava pra Deus me matar, pra me levar, porque ela preferia me ver morta a me ver gostar de mulher. Eu segurei isso durante 50 anos da minha vida”, relatou em lágrimas. Esse peso foi determinante para a construção de seu livro autobiográfico, em que decidiu expor memórias íntimas e mostrar como conciliar sucesso nos palcos com dores pessoais ocultas.
A confissão emocionou fãs e reacendeu debates sobre preconceito, aceitação e o impacto das expectativas familiares na vida das pessoas. Ao assumir publicamente sua bissexualidade, Roberta rompeu um silêncio de décadas e abriu espaço para reflexões sobre coragem e libertação. O gesto trouxe alívio pessoal e, ao mesmo tempo, inspiração coletiva.
Liberdade tardia e novos caminhos
Hoje, Roberta vive um momento de maior tranquilidade e reconciliação consigo mesma. A cantora assumiu um relacionamento com o segurança Daniel Torres, notícia que causou surpresa entre os fãs. Nas redes sociais, a novidade foi recebida com curiosidade, mas também com apoio, reconhecendo o simbolismo de sua decisão.
Para a sertaneja, esse passo representa mais do que uma escolha amorosa: é um processo de cura após anos de repressão. Viver abertamente significa finalmente poder escrever sua história sem máscaras ou medos. Sua postura mostra que nunca é tarde para buscar a paz interior e a liberdade de ser quem se é.
Entre canções, revelações e experiências, Roberta Miranda inicia um novo capítulo marcado por autenticidade. Depois de décadas de silenciamento e de amores interrompidos, ela se permite viver plenamente. Sua jornada inspira não apenas pela música, mas também pela coragem de transformar dor em libertação, provando que a verdade pessoal é o maior triunfo.
