Durante uma audiência tensa e marcada por olhares atentos, o ex-presidente Jair Bolsonaro surpreendeu a todos ao interromper seu discurso com uma frase carregada de ironia e provocação:
— “Posso fazer uma brincadeira?”
Logo após pedir permissão, Bolsonaro disparou:
— “Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.”

A declaração, direcionada diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, provocou reações de espanto, risos desconfortáveis e um silêncio que durou mais do que o esperado. A resposta de Moraes? Um seco e direto “declino novamente”, indicando que a provocação não passou batida.
A provocação por trás da cortina: um convite que ninguém esperava
A fala aconteceu durante uma sabatina em que Bolsonaro prestava esclarecimentos sobre os atos políticos e discursos realizados após as eleições de 2022. Em meio a falas sobre suas viagens ao Nordeste, onde alegou ser recebido com “carinho pelo povo”, o ex-presidente aproveitou para soltar o que muitos interpretaram como uma “cutucada”.
Não era apenas uma brincadeira. Era uma forma simbólica de colocar em cheque a narrativa sobre seu suposto envolvimento em atos antidemocráticos, enquanto inverte a lógica da rivalidade com Moraes — o homem que hoje personifica o Judiciário no embate com o bolsonarismo.
Moraes reage com frieza e evita embate direto
A resposta de Alexandre de Moraes ao “convite” foi curta, sem emoção e direta. Ele sequer tentou disfarçar a incredulidade diante do gesto do ex-presidente.
— “Declino novamente”, afirmou, sem dar margem para risadas ou alimentar a tensão.
Essa não foi a única vez que Bolsonaro tentou suavizar o ambiente com ironias. Ainda durante a sessão, disse que seu comportamento sempre foi “dentro das quatro linhas da Constituição” e que nunca teve intenção de dar golpe, chegando a minimizar os atos de 8 de janeiro.
Bolsonaro critica narrativa de golpe e cita até a Igreja
Aproveitando o espaço, Bolsonaro emendou uma defesa longa sobre como considera incorreto o uso do termo “golpe” para os eventos pós-eleitorais. Ele citou o impeachment de Dilma Rousseff, o movimento de 1964 e a constante associação da esquerda ao uso do termo.
— “Falar em golpe de estado como se tratou aqui, com base em meia dúzia de pessoas, sem liderança, sem armas, sem núcleo financeiro… Isso não é golpe.”
Mencionou também o apoio popular que teria tido durante seu governo e reforçou:
— “Até o Estadão escreveu que o PT sem a bandeira da democracia não tem mais o que apresentar.”
Viagens ao Nordeste e o carinho do povo como escudo político
Bolsonaro ainda aproveitou para tentar mostrar força política. Disse que pretende visitar oito municípios no Rio Grande do Norte e afirmou que o povo o recebe de braços abertos.
— “Posso mandar umas imagens pro senhor ver como é que o povo trata a gente nas ruas.”
Essa tentativa de mostrar força popular também foi vista como uma maneira de pressionar a narrativa de que ele segue forte como figura pública, mesmo após os escândalos e investigações.
A jogada por trás do convite: estratégia ou deboche calculado?
Especialistas afirmam que o gesto de convidar Moraes para vice em 2026 foi mais do que uma piada. Foi uma cartada arriscada para tentar virar o jogo narrativo. Ao fazer esse “convite”, Bolsonaro:
- ironiza a autoridade de Moraes; 
- expõe uma suposta tentativa de conciliação para a opinião pública; 
- e, acima de tudo, se coloca como alguém que “não teme” o sistema. 
Enquanto isso, Moraes preferiu não morder a isca e manteve a postura firme. Mas o que ficou no ar é: será que o ex-presidente está mesmo brincando… ou já começou a desenhar seu caminho para 2026?



 
						




