Dinorá Cristina Barbosa, de 35 anos, era comissária de bordo. Jovem, dedicada à carreira e cheia de sonhos, conquistava amigos por onde passava. Durante um voo, conheceu Mike Fernandes, piloto com quem passou a ter encontros casuais. Para ela, o que parecia apenas uma aproximação profissional virou uma relação afetiva que, em pouco tempo, mudou completamente sua vida.
Dinorá engravidou e, ao se preparar para compartilhar a novidade com Mike, foi surpreendida por uma revelação inesperada: o piloto era casado. A partir desse momento, o que poderia ser apenas um conflito pessoal tomou proporções inimagináveis. Mike não queria assumir a paternidade e, junto da esposa e da sogra, passou a pressionar a comissária para que interrompesse a gestação.
A recusa de Dinorá mudou tudo
Convicta em seu desejo de ser mãe, Dinorá rejeitou qualquer possibilidade de aborto. A decisão, no entanto, despertou a fúria de Mike e da família dele, que passaram a planejar formas de silenciá-la. O que começou como um romance discreto transformou-se em uma trama de perseguições, ameaças e, mais tarde, em um crime cruel.
O crime que chocou Pernambuco
Meses depois, Dinorá deu à luz uma menina saudável. Parecia o início de uma nova fase, mas o pesadelo estava apenas começando. Em uma madrugada comum, enquanto amamentava a filha em casa, homens encapuzados invadiram a residência. Ela ainda tentou oferecer objetos de valor, acreditando que se tratava de um assalto, mas o objetivo dos criminosos era outro.
Os disparos foram certeiros e tiraram a vida da comissária diante da mãe, que presenciou tudo sem conseguir reagir. A bebê, que estava nos braços da vítima, não foi atingida. O detalhe mais perturbador veio com as investigações: os executores haviam sido contratados a mando de Mike e da sogra, que articularam cada passo para eliminar Dinorá.
O preço de uma vida
Segundo a polícia, o assassinato foi encomendado por apenas R$ 17 mil, quantia dividida entre os envolvidos. Ao todo, dez pessoas participaram da execução, entre mandantes e intermediários. Quatro já foram condenadas, incluindo a sogra do piloto, apontada como mentora do crime. Outros réus ainda aguardam julgamento, entre eles o próprio Mike, acusado de ser o principal articulador da morte.
Justiça em andamento e dor permanente
Recentemente, a Justiça de Pernambuco condenou mais um dos envolvidos diretos no assassinato a 28 anos de prisão. Apesar da sentença trazer algum alívio, a mãe de Dinorá reforça que nada será capaz de reparar a perda da filha. Hoje, além da luta judicial, ela enfrenta o desafio de criar a neta, a mesma criança que o pai tentou impedir de vir ao mundo.
Para a família, cada audiência é uma esperança de que a justiça seja completa. Ainda restam réus a serem julgados, mas todos aguardam ansiosos pelo dia em que Mike será responsabilizado. Enquanto isso, a memória de Dinorá segue viva como símbolo de resistência, maternidade e coragem diante da violência que a silenciou.
